Nossa sociedade (capitalista) cria padrões tão estúpidos, que é surpreendente e incompreensível à inércia da maioria das pessoas diante das limitações artificiais que lhes são impostas. Homens e mulheres, enquanto seres-humanos, filhos da natureza, imperativamente livres de qualquer amarra, sequer podem saber o que significa liberdade no interior deste sistema sugador. Realmente, liberdade, é um termo que por aqui não existe, e se realmente há, é um conceito ao menos relativo e reduzido. Sentem-se gratificados e honrados por ocuparem funções essenciais para o desenvolvimento econômico da sociedade industrial. Esta mesmo, que colocou a vida humana na Terra em xeque, criou assustadoras desigualdades sociais, propagou o racismo, entre tantas outras tragédias. Confundem e enganam suas próprias naturezas, o seu “eu” interior, com suas idiotas funções, hipnotizados por uma arrebatadora crença consumista e incessantes condicionamentos religiosos chantagistas. São desde a infância domados para que se encaixem em algum de uma série de limitados padrões que lhes são apresentados, ou melhor, impostos, determinando atitudes, estabelecendo critérios, e todo um aparato de regras já prontas de comportamentos, unicamente voltadas para o “Soberano” interesse econômico do capitalismo. Perpetua-se uma lavagem cerebral iniciada durante a infância, desenvolvida na adolescência e na vida adulta, e, finalmente, estagnada na velhice, fazendo os idosos acreditarem que valeu a pena assumir a fantasia funcional pela qual sua vida inteira foi condicionada, sob pena de passar fome, sofrer com falta de inúmeros auxílios, crendo que negar sua essência foi algo proveitoso e benéfico para colaborar com o avanço econômico. Logicamente, tais premissas são difundidas sob o amparo de poderosas moedas de troca: a crença que o consumismo e o materialismo trazem felicidade. A grande maioria irá morrer como um estúpido fantoche do sistema. Todas as suas falas são pré-estabelecidas por este idealismo nojento, diálogos em comum, de pessoas manipuladas, equiparam-se à leitura de manuais de regras de um jogo, ao passo que profanam diversas locuções que não lhe pertencem, mas diversamente, possuem caráter imperativo, sob pena de o jogo não prosperar. Jamais pensaram em desafiar a legitimidade de toda esta idiotice voltada ao tão conhecido, porém indubitavelmente utópico progresso global econômico em que nos inseriram desde a concepção. Todas as situações antagônicas, controvertidas e paradoxais do sistema, que nos deparamos em nosso cotidiano e que venham a produzir lacunas no pensamento da população e, ulteriormente, passíveis de criar questionamentos acerca da legitimidade dos princípios basilares de nosso sistema perante o intelecto popular, são rapidamente preenchidas por religiosos, homens poderosos, instituições, condicionamento psicológico imposto de maneira demoníaca pela mídia, nos repassando informações que normalmente não se coadunam com a realidade fática. É mister ressaltar que o interesse financeiro sempre ocupou assento cativo, e, portanto, primordial, em qualquer instituição de nossa sociedade moderna. As escolas jamais ensinam a viver em harmonia pura e eminentemente humana, no sentido literal da palavra, respeitando sempre os direitos humanos alheios acima de qualquer outra coisa, procurando cooperar de maneira construtiva com os outros. Diversamente, preocupam-se, tão-somente, em doutrinar jovens mentes a respeitarem de maneira inflexível as ideologias do sistema e tornarem-se marionetes do capitalismo, alçando o questionamento das autoridades ao nível de patologias diabólicas. A harmonia que nos é ensinada requer competição, similar a divinizada competição do mercado de trabalho, para que seja realmente concretizada no seio da sociedade, de maneira que a harmonia deverá sempre atender aos padrões de agressividade capitalista. Ou seja, só existirá a corrompida harmonia, se todos agirem conforme a lógica industrial: incitando o consumismo, comportando-se conforme padrões pré-estabelecidos sem desafiá-los, tendo o dinheiro como Deus. No mínimo, o sentido da palavra nos é ensinado de maneira distorcida. As gritantes desigualdades sociais são rapidamente propagadas de maneira alterada, através de um conjunto de argumentos falaciosos astuciosamente produzidos, corroborados por uma miscelânea de materialidades, e que empreste às mesmas argumentações justificáveis, para que aceitemos tais conseqüências como males que vem para o bem. Nada obstante, somos ensinados a adotar a idéia de que a miséria inumana de milhões é justificável, uma vez comparada hierarquicamente com o progresso industrial. A pobreza de pessoas afundadas na miséria, na fome, tendo às vezes de apelar ao crime para alimentar os seus, é ensinada como fruto da vadiagem, falta de interesse pelos estudos, ociosidade e não como resultado de um sistema que não valoriza os direitos humanos básicos, que está inexoravelmente mais interessado em expansão financeira do que qualquer outra coisa (inclusive direitos humanos), dá oportunidades a poucos de se desenvolverem intelectualmente segundo à lógica capitalista, e que é um sistema excludente por natureza.
Embasados em tais argumentos, o sistema capitalista produz na sociedade uma certa consciência de proteção garantida em prol daqueles sujeitos que respeitarem rigidamente seus padrões, sem nunca ousarem em desafiar suas premissas, mantendo uma relação de causa e efeito do tipo “respeite minhas regras, que estás a salvo”, ao passo que as pessoas enxergam esta realidade de vida particular e em sociedade, como única, absoluta, imperativa e, portanto, divina. Normalmente sabem que seus direitos humanos vitais são tidos como absurdas estruturas mercantis, negociáveis, relativos, condicionados a uma relação de troca, que geralmente envolve quantias financeiras como no mundo dos negócios e que, embora inconscientemente cientes desta monstruosa realidade, estão severamente entorpecidos por parafernálias materiais, sendo este um dos mecanismos de distração para que as pessoas venham a aceitar o capitalismo, incapazes de propagar um verdadeiro questionamento e esboçar qualquer tipo de reação.
15 de maio de 2007
SOCIEDADE
Postado por William às 17:36