31 de janeiro de 2008

OCUPAR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!








sonhei com a revolução,
onde ocupavamos nossas terras
e começavamos um treinamento.
nossa guerrilha a cada dia crescia,nossa resistência fora globalizada
nos sustentavamos da plnatação e cultivo,artes,e exportação das mesmas,avançamos.
começamos a ocupar aos poucos,ação direta consequentemente,
então o poder recuou,nos tornamos o poder.
derrubamos o estado,o capital.
e destruimos as fronteiras,o mundo se tornou um só,o povo um só.
movidos pelo amor.
tendo a liberdade,igualdade e fraternidade como lema.
e no topo ao vento da vitória,
uma enorme bandeira negra estendida!

8 de setembro de 2007

A Tática dos black block




“Aqueles que possuem autoridade, temem a máscara pelo seu poder em identificar, rotular e catalogar comprometido: em saber quem você é... Nossas máscaras não servem para esconder ou ocultar a nossa identidade, mas para revelá-la... Hoje nós devemos dar um rosto a essa resistência; colocando nossas máscaras mostramos a nossa união; e levantando as nossas vozes nas ruas, nós botamos pra fora toda a raiva contra os poderosos sem rosto...” (Tirado de uma mensagem impressa dentro das 9000 máscaras distribuídas no “Carnaval Anticapitalista” do dia 18 de junho de 1999, que destruiu o distrito financeiro central de Londres).







Nos protestos contra a OMC em Seattle ano passado [1999], havia entre 100 e 300 militantes (anarquistas e outros) vestidos de preto, que literalmente demoliram as vitrines das odiosas corporações multinacionais. Desde então, a tática do Black Bloc vem despertando o interesse e chamando a atenção de diferentes pessoas preocupadas com transformação social. Todos os setores da classe média alta, progressistas e liberais, tem pregado moralmente, à grande distância, sobre como não existe vez para tal comportamento no movimento deles. Ao mesmo tempo, o Black Bloc em Seattle inspirou e renovou o interesse nas táticas militantes, as quais não aceitam autoridade e nem baixam a cabeça perante o seu poder. O Black Bloc N30, junto com muitos outros aspectos dos eventos de Seattle, tem inspirado também anarquistas radicais a parar de se esconder dentro de grupos ativistas liberais com pautas reformistas, e começar a ter mais voz ativa nas suas exigências pela revolução e total transformação social. Além da rápida proliferação de organizações e publicações anarquistas, está clara a evidência do ressurgimento do anarquismo nos EUA, que pode ser vista nos Black Blocs maiores, os quais estavam presentes no dia 16 de abril em Washington DC, na Assembléia Nacional dos Republicanos e Democratas, neste verão. Pra bem ou pra mal, parece que no último ano, o Black Bloc virou uma tradição americana, e tudo começou com aqueles bravos garotos e garotas em Seattle...







Será? De fato, aquele 30 de novembro esteve longe de ser a primeira vez que um grande grupo de radicais vestidos de preto, com máscaras pretas, estiveram prontos para se empenhar na militância com solidariedade e anonimato. O Black Bloc como uma associação pra estratégia em protesto pode ter mais de 20 anos. Sua origem, de fato, vem dos Autônomos europeus, um movimento social radical que não necessariamente se proclamou anarquista, mas muitas das suas táticas e idéias tem se tornado bem apreciadas e adotadas pelos autoproclamados anarquistas.







Sobre autonomia
Autonomia, autônomos, ou autonomistas têm sido os nomes usados por vários movimentos populares de transformação social e contra-cultura na Itália, Alemanha, Dinamarca, Holanda e outras partes da Europa nas últimas três décadas. Todos esses diferentes movimentos têm procurado se opor radicalmente à autoridade, dominação e violência, onde quer que ela exista na vida cotidiana (ou seja, em quase todo lugar). Autonomia, neste caso, não significa um tipo de superioridade complexa regional, ou isolamento, como o nacionalismo, estatismo... Também não significa autonomia individual às custas da maioria, como existe na base do capitalismo. O que os autônomos valorizam e desejam, é a liberdade para os indivíduos que escolheram outros com os quais possa dividir afinidades, e unir-se com eles para sobreviver e preencher todas as necessidades e desejos coletivamente, sem interferência da ganância, indivíduos violentos ou enormes burocracias desumanas.
Os primeiros assim chamados autônomos foram os indivíduos envolvidos no movimento Autonomia Italiana, que começou no quente verão de 1969, uma época de intensa inquietação social. Através da década de 70, um grande movimento pela transformação social total era formado na Itália pelos grupos autônomos de operários, mulheres e estudantes. Capitalistas, sindicatos e a burocracia estatista do Partido Comunista não tinham nada a ver com esse movimento, e de fato, deram duro para reprimi-lo e pará-lo.






Ainda, a estrutura do poder estava, freqüentemente, prejudicada em como lidar com a recusa completa, de vários setores da população, a obedecer às ordens das autoridades. Apesar da rápida proliferação da ação direta, greves moratórias, ocupações de massa, batalhas urbanas, ocupações de universidades e outras ações radicais popularmente apoiadas durante a década de 70, o movimento dos italianos “acalmou-se”. Isto era, em parte, devido aos ataques violentos, prisões e assassinatos de radicais pela polícia e pelo aparato centralizador do Partido Comunista. Ao mesmo tempo, a reação à esta escala de violência estatal era, freqüentemente, a escolha do terrorismo pelos grupos de guerrilha urbana radical. O terrorismo, mesmo em autodefesa, muitas vezes serviu para afastar as pessoas do movimento público de transformação social. Alguns escolheram se tornar mais militantes e reservados enquanto outros abandonaram a política, para viver uma aparente pacífica vida de obediência à autoridade.

black block
http://www.youtube.com/watch?v=60W9FwEFyv4&mode=related&search

http://www.youtube.com/watch?v=NBq-UwdC5_E&mode=related&search

5 de setembro de 2007

manifesto da ação global





Modificado em Cochabamba

Nós não podemos tomar a comunhão nos altares de uma cultura dominante que confunde preço com valor e converte as pessoas e países em mercadoria (Eduardo Galeano).

Se você só vem me ajudar, você pode regressar. Mas se você considera minha luta como parte de sua luta para sobrevivência, então talvez nós podemos trabalhar junto (Uma mulher aborígene).

I


Nós vivemos em um tempo no qual o capital, com ajuda de agências internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Fundo Monetário Internacional (IMF), o Banco Mundial (WB) e outras instituições, está forçando as políticas nacionais para fortalecer seu controle global sobre a vida política, econômica e cultural.

O capital sempre foi global. Sua busca ilimitada para a expansão e o lucro não reconhece nenhum limite. Do comércio de escravo de séculos atrás para a colonização imperial de povos, terras e culturas pelo globo, a acumulação capitalista se alimentou sempre de sangue e lágrimas dos povos do mundo. Esta destruição e miséria só foram contidas pela resistência dos movimentos de base.

Hoje, o capital está desenvolvendo uma nova estratégia para afirmar seu poder e neutralizar a resistência dos povos. Seu nome é globalização econômico, e consiste no desmantelando das limitações nacionais para o comércio e para o livre movimento do capital.

Os efeitos da globalização econômica se expandem pelo tecido de sociedades e comunidades do mundo e integram os seus povos em um gigantesco sistema único, voltado à extração do lucro e ao controle dos povos e da natureza. Palavras como "globalização", "liberalização" e "desregulação" pouco têm disfarçado as disparidades crescentes nas condições de vida entre as elites e as massas em países privilegiados e "periféricos".

O mais novo e talvez o mais importante fenômeno no processo de globalização é o aparecimento de acordos de comércio como instrumentos-chave de acumulação e controle. A OMC é, sem dúvida, a instituição mais importante por evoluir e implementar estes acordos comerciais. Tornou-se o veículo preferido pelo capital transnacional para impor seu governo econômico global. O Círculo de Uruguai ampliou imensamente o âmbito do sistema multilateral de comércio (i.e. os acordos sob a égide da OMC) de forma que ele já não se constitui só de comércio em bem fabricados. Os acordos da OMC abarcam agora também comércio agrícola, comércio de serviços, propriedade intelectual e medidas de investimento. Esta expansão tem implicações muito significativas para assuntos econômicos e não-econômicos. Por exemplo, o Acordo Geral em Comércio de Serviços terá efeitos de longo alcance em culturas ao redor do mundo. Semelhantemente, as TRIPS (sigla em inglês de Acordo sobre Propriedade Intelectual Relacionada ao Comércio) e as pressões unilaterais, especialmente em países ricos em biodiversidade, estão forçando estes países a adotar legislações novas que estabelecem direitos de propriedade sobre as formas de vida, com conseqüências desastrosas para biodiversidade e segurança alimentar. O sistema multilateral de comércio, encarnado no OMC, tem um tremendo impacto na conformação de políticas nacionais econômicas e sociais e, conseqüentemente, no âmbito e na natureza de opções de desenvolvimento.

Acordos de comércio também estão proliferando ao nível regional. NAFTA (o Acordo Norte-mericano de Livre Comércio) é o protótipo de um acordo regional que liga e envolve legalmente países privilegiados e desprivilegiados, e busca-se estender seu modelo para a América do Sul. A APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico) é outro modelo com ambos os tipos de países envolvidos, e sendo usado para forçar novos acordos nos marcos da OMC. O Tratado de Maastricht é o exemplo principal de um acordo vinculante entre países privilegiados. Acordos de comércio regionais entre países desprivilegiados, como ASEAN (Associação de Sudeste de Nações asiáticas), SADC (Cooperação de Desenvolvimento Meridional africana), SAFTA (Acordo de Comércio Livre do Sul asiático) e MERCOSul (Mercado Comum do Cone Sul), também emergiram. Todos estes acordos regionais consistem na transferência de poder de decisão do nível nacional para instituições regionais que são mais distantes das pessoas e menos democráticas até mesmo do que o Estado-nação.

Como se isto não fosse bastante, um novo tratado está sendo promovido pelos países privilegiados, o Acordo Multilateral em Investimentos (AMI), para alargar os direitos dos investidores estrangeiros muito além das suas posições atuais na maioria dos países e reduzir severamente os direitos e poderes de governos para regular a entrada, o estabelecimento e as operações de companhias e investidores estrangeiros. Esta é atualmente também a tentativa mais importante para estender a globalização e a "liberalização" econômica. A AMI aboliria o poder e o direito soberano legítimo de povos para determinar as suas próprias políticas econômicas, sociais e culturais.

Todas estas instituições e acordos compartilham as mesmas metas: prover a mobilidade para bens, serviços e capitais, aumentando o controle do capital transnacional sobre os povos e a natureza, transferindo poder para instituições distantes e antidemocráticas, excluindo a possibilidade de um desenvolvimento baseado nas comunidades e em economias auto-suficientes, e restringindo a liberdade de povos para construir sociedades baseadas em valores humanos.

Globalização econômica, poder e o "descenso em aspiral"

A globalização econômica deu à luz formas novas de acumulação e poder. A acumulação capitalista acontece em escala global, a uma velocidade crescente, controlada por corporações e investidores transnacionais. Enquanto o capital se tornou global, as políticas de redistribuição permanecem responsabilidade de governos nacionais, que estão impossibilitados e na maioria das vezes pouco dispostos a agir contra os interesses do capital transnacional.

Esta assimetria está provocando uma acelerada redistribuição de poder em nível global, fortalecendo o que normalmente é chamado "poder das corporações". Neste sistema político peculiar, o capital global determina (com ajuda de "lobbies" extremamente influentes, como o Forum Econômico Mundial) o programa de trabalho econômico e social à escala do mundo inteiro. Estes grupos corporativos de pressão dão as suas instruções aos governos na forma de recomendações, e os governos as seguem, já que os poucos que recusam obedecer os "conselhos" dos grupos de influência corporativa vêem as suas moedas correntes sob o ataque dos especuladores e suas economias fragilizadas pela fuga dos investidores. A influência de grupos desses grupos foi fortalecida pelos acordos regionais e multilaterais. Com a sua ajuda, estão sendo impostas políticas neo-liberais no mundo inteiro.

Estas políticas neo-liberais estão criando tensões sociais em nível global semelhantes àquelas testemunhadas a nível nacional durante as primeiras fases do industrialização: enquanto o número de bilionários cresce, cada vez mais as pessoas ao redor do mundo eles acham-se em um sistema que não lhes oferece nenhum lugar na produção e nenhum acesso para consumo. Este desespero, combinado com a mobilidade livre do capital, provê os investidores transnacionais do melhor ambiente possível para confrontar os trabalhadores e os governos um ao outro. O resultado é um "descenso em aspiral" nas condições sociais e ambientais e o desmantelando de políticas de redistribution (taxação progressiva, sistemas de seguro social, redução do tempo de trabalho etc). Um círculo maligno é criado, em que a "demanda" efetiva se concentra crescentemente nas mãos de uma elite transnacional, enquanto cada vez mais as pessoas não podem satisfazer as suas necessidades básicas.

Este processo de acumulação pelo mundo inteiro e exclusão importa um ataque global nos direitos humanos elementares, com conseqüências muito visíveis: miséria, fome, sem-tetos, desemprego, condiciona deterioramento da saúde, sem-terra, analfabetismo, aprofundamento das desigualdades de gênero, crescimento explosivo do "setor informal" e a economia subterrânea (particularmente produção e comércio de drogas), a destruição de vida em comunidade, cortes em serviços sociais e direitos trabalhistas, violência crescente em todos os níveis da sociedade, acelerando a destruição ambiental, cultivando intolerância a racial, étnica e religiosa, migração volumosa (por razões econômicas, políticas e ambientais), controle militar fortalecido e repressão, etc.
Exploração, trabalho e meios de vida

A globalização do capital desapropriou em uma extensão muito significativa os trabalhadores da sua habilidade para confrontar ou negociar com o capital em um contexto nacional. A maioria dos sindicatos convencionais (particularmente nos países privilegiados) aceitou a sua derrota pela economia global e tem abandonado voluntariamente as conquistas ganhas pelo sangue e as lágrimas de gerações de trabalhadores. Conforme as exigências do capital, eles comerciaram a solidariedade pela "competitividade" internacional e o os direitos trabalhistas pela "flexibilidade" do mercado de trabalho. Agora eles estão defendendo ativamente a introdução de uma "cláusula social" no sistema de comércio multilateral, o que daria aos países privilegiados uma ferramenta para o protecionismo seletivo, unilateral e neo-colonial com o efeito de aumentar a pobreza em vez de atacá-la pela sua raiz.

Os grupos direitistas nos países privilegiados freqüentemente culpam os países desprivilegiados pelo desemprego ascendente e o agravamento das condições de trabalho em seus países. Eles dizem que os povos do Sul estão seqüestrando o capital do Norte com o atrativo da força de trabalho barata, regulamentos de trabalho e ambientais fracos ou não-existente e impostos baixos, e aquelas exportações do Sul estão levando os produtores do Norte para fora do mercado. Ainda que, de fato, há um certo grau de deslocamento dos investimentos para países desprivilegiados (concentrados em setores específicos como têxteis e microelectronicos), dificilmente as meninas adolescentes que sacrificam a sua saúde trabalhando nas fábricas transnacionais por salários miseráveis podem ser culpadas pelo assolamento social criado pela livre mobilidade de bens e capital. Além disso, a maioria dessa recolocação de capitais acontece entre países ricos, com apenas uma fração dos investimentos estrangeiros que vai para países desprivilegiados (e até mesmo algum investimento que flui tradicionalmente ao norte de países considerados como "subdesenvolvidos"). E a ameaça de recolocação para outro país rico (sem dúvida o tipo mais habitual de recolocação) dá-se efetivo como chantagem aos trabalhadores com a ameaça de se mudar a um país desprivilegiado. Finalmente, a causa principal de desemprego em países privilegiados é a introdução de "tecnologias de rationalização" em cima das quais os povos desprivilegiados não têm certamente nenhuma influência em nada. Em resumo, exploração crescente é somente a responsabilidade de capitalistas, não dos povos.

Muitos defensores de "desenvolvimento" dão bem-vinda ao livre movimento do capital desde os países privilegiados aos países desprivilegiados como uma contribuição positiva para a melhoria das condições de vida dos pobres, desde que os investimentos estrangeiros produzem trabalhos e sustentos. Eles esquecem que o impacto social positivo dos investimentos estrangeiros está limitado muito por sua natureza, já que as corporações transnacionais manterão seu dinheiro em países desprivilegiados contanto que as políticas destes países os permitam a continuar explorando a miséria e o desespero da população. Os mercados financeiros impõem castigos extremos para os países que ousam adotar qualquer tipo de política que poderia resultar eventualmente em padrões de vida melhorados, como exemplificou pelo fim abrupto às tímidas políticas de redistribuição adotadas em 1981 por Mitterand na França. Também, a crise mexicana de 1994 e as recentes crises na Ásia Oriental, embora apresentadas pelas mídia como o resultado de técnicas de administração deficientes, são bons exemplos do impacto do domínio econômica corporativo que ganha força diariamente tanto nos países desprivilegiados e privilegiados e condiciona cada e todo aspecto das suas políticas sociais e econômicas.

Esses que também acreditam nos efeitos sociais benéficos do "livre mercado" esquecem que o impacto do capital transnacional não se limitam à criação de empregos mal pagos. A maioria do investimento direto estrangeiro (dois terços de acordo com as Nações Unidas) em países privilegiados e desprivilegiados consiste em corporações transnacionais (TNCs) assumindo empreendimentos nacionais que tipicamente resultam na destruição de trabalhos. E as TNCs nunca vêm sós com o seu dinheiro: eles também trazem produtos estrangeiros no país e varrem grandes números de empresas locais e joga-lhes fora do mercado ou lhes forçando a produzir sob até mesmo condições mais inumanas. Finalmente, a maioria do investimento estrangeiro provoca a exploração insustentável de recursos naturais que resultam na despossessão irreparável dos meios de vida de diversas comunidades dos povos indígenas, agricultores, grupos étnicos etc.

Nós rejeitamos a idéia de que o "livre" comércio cria aumentos de emprego e bem-estar, e a suposição de que pode contribuir ao alívio de pobreza. Mas nós rejeitamos a alternativa direitista de um capitalismo nacional mais forte também muito claramente, como também a alternativa fascista de um estado autoritário para assumir controle central de corporações. Nossas lutas se dirigem a reclamar os meios de produção, resgatando-os das mãos do capital nacional e transnacional, com o objetivo de criar meios de vida livres, sustentáveis e controlados comunitariamente, baseados na solidariedade dos povos e na satisfação das necessidades e não na exploração e na cobiça.

Opressão de gênero

A globalização e as políticas neoliberais se constróem nas desigualdades existentes, aumentando-as, inclusive na desigualdade de gêneros. O sistema de poder baseado nos papéis de gêneros na economia globalizada, como a maioria dos sistemas tradicionais, encoraja a exploração das mulheres como trabalhadoras, como sustentos da família e como objetos sexuais.

As mulheres são responsáveis para criar e educar, alimentar, vestir, disciplinar e preparar seus filhos para se tornar parte da força de trabalho global. Elas são usadas como trabalho barato e dócil para as mais exploradas formas de emprego, como se exemplificam nas fábricas têxteis e na indústria microeletrônica. Forçadas a sair de suas pátrias pela pobreza causada pela globalização, muitas mulheres buscam emprego em países estrangeiros, freqüentemente como imigrantes ilegais, sujeitas a terríveis condições de trabalho e insegurança. O comércio pelo mundo inteiro de corpos de mulheres se tornou um elemento importante do comércio mundial e inclui crianças de até 10 anos. Elas são usadas pela economia global através de formas diversas de exploração e mercantilização.
É esperado que as mulheres sejam só os atores nas suas casas. Embora este nunca tenha sido o caso, esta expectativa foi usada para negar às mulheres um papel nos assuntos públicos. O sistema econômico também faz uso destes papéis de gênero para identificar as mulheres como a causa de muitos problemas sociais e ambientais. Conseqüentemente, mulheres que têm muitos bebês são vistas como a causa da crise ambiental global (em lugar de ser causada pelos ricos que consomem muitos recursos). Semelhantemente, o fato que as mulheres adquirem salários baixo, desde a suposição que a sua remuneração é renda só adicional para a casa, é usado para as culpar pelo desemprego de homens e a redução nos seus níveis de salário. Como resultado, as mulheres são usadas como bodes expiatórios, declaradas culpadas por criar a mesma miséria que as está oprimindo, em vez de se apontar ao capital global como responsável para assolamento social e ambiental. Esta estigmatização ideológica soma-se à violência física sofrida diariamente por mulheres em toda a parte do planeta.

O patriarcado e o sistema de gêneros se assentam firmemente na idéia da naturalidade e exclusividade da heterossexualidade. A maioria dos sistemas sociais e estruturas rejeita violentamente qualquer outra forma de expressão sexual ou atividade, e esta limitação da liberdade é usada para perpetuar papéis de gênero patriarcais. A globalização, embora contribuindo indiretamente às lutas para a liberação sexual das mulheres em sociedades muito opressivas, também fortalece o patriarcado à raiz da violência contra mulheres e contra os homossexuais, lésbicas e bissexuais.

A eliminação de patriarcado e o fim de todas as formas de discriminação de gênero requer um compromisso aberto contra o mercado global. Semelhantemente, é vital que quem luta contra o capital global entendam e confrontem a exploração e marginalização de mulheres e participem na luta contra a homophobia. Nós precisamos desenvolver culturas novas que representam reais alternativas para estas formas velhas e novas de opressão.
Os povos indígenas lutam pela sobrevivência

Os povos indígenas e as nacionalidades têm uma história longa de resistência contra a destruição provocada pelo capitalismo. Hoje, eles são confrontados com o projeto de globalização neo-liberal como um instrumento do capital transnacional e financeiro para a neo-colonização e a exterminação. As companhias transnacionais estão invadindo os últimos refúgios dos povos indígenas, violando os seus territórios, hábitats e recursos, destruindo os seus modos de vida, e perpetrando violentamente com freqüência o seu genocídio. Os Estados nacionaiso estão permitindo e encorajando ativamente estas violações apesar do seu compromisso em respeitar os povos' indígenas, expresso em declarações diversas, acordos e convenções.

As corporações estão roubando o conhecimento antigo e o estão patenteando para o seu próprio benefício e lucro. Isto significa que os indígenas e o resto de humanidade terão que pagar o acesso ao conhecimento que terá sido assim mercantilizado. Além disso, partes dos corpos dos próprios indígenas estão sendo patenteados pelas corporações farmacêuticas e pela administração de EUA, sob os patrocínios do Programa de Diversidade Genética Humana. Nós nos opomos ao patenteamento de todas as formas de vida, incluindo o genoma humano e o controle monopólico das corporações sobre as semente, os medicamentos e os sistemas de conhecimento tradicionais.

As lutas dos povos indígenas em defesa das suas terras (inclusive o subsolo) e as suas formas de vida, estão conduzindo a uma repressão crescente contra eles e a uma militarização dos seus territórios, forçando-os a sacrificar as suas vidas ou a sua liberdade. Esta luta continuará até que o direito dos povos indígena à autonomia territorial seja completamente respeitado em todo o mundo.

Grupos étnicos oprimidos

As comunidades negras de origem africana nas Américas sofreram durante séculos uma exploração violenta e desnumana, como também a aniquilação física. A sua força de trabalho foi usada como uma ferramenta fundamental para acumulação do capital, na América e na Europa. Frente a esta opressão, os afro-americanos criaram processos de comunidade para a organização e a resistência cultural. Atualmente as comunidades negras estão sofrendo os efeitos dos "megaprojetos de desenvolvimento" nos seus territórios e a invasão das suas terras por grandes proprietários que os conduzem a volumoso deslocamento, miséria e alienação cultural, e muitas vezes à repressão e à morte.

Uma situação semelhante está sendo sofrida por outro povos, como os Ciganos, os Curdos, os Saharouis, etc. Todos este povos são forçados a lutar pelo seu direito a viver em dignidade por Estados nacionais que reprimem a sua identidade e autonomia, e lhes impõem uma incorporação forçada em uma sociedade homogênea. Muitos destes grupos são vistos como uma ameaça pelos poderes dominantes, já que eles estão reclamando e praticando o seu direito à diversidade cultural e a autonomia.
Ataques massivos à natureza e a agricultura

A terra, a água, os bosques, a vida silvestre e aquática e os recursos minerais não são marcadorias, senão recursos indispensáveis de vida. Durante décadas os poderes que emergiram do dinheiro e do mercado têm aumentado os seus lucros e estreitaram o seu controle sobre a política e a economia usurpando estes recursos, às custas das vidas e sustentos de vastas maiorias ao redor do mundo. Durante décadas, o Banco Mundial e o FMI, e agora a OMC, em aliança com os governos nacionais e poderes monopolistas, facilitaram manipulações para a apropriação do meio ambiente. O resultado é a devastação ambiental, o trágico e intratável deslocamento social, e o empobrecimento da diversidade cultural e biológica, cuja capacidade de recuperação se perdeu irreparavelmente em grande parte, sem compensação para quem depende dela.

As disparidades provocadas pelo capital nacional global, tanto dentro dos países como entre eles, se alargaram profundamente, enquanto os ricos prosseguem explorando os recursos naturais das comunidades camponesas, pescadores, populações tribais e indígenas, mulheres, os mais desfavorecidos, aplastando os já pisoteados. A administração centralizada de recursos naturais imposta pelo comércio e acordos de investimento não deixam espaço para a sustentabilidade entre gerações e no interior das próprias gerações. Somente servem ao programa dos poderes que projetaram e ratificaram esses acordos: acumular riqueza e poder.

As tecnologias insustentáveis e com grandes necessidade de capital representaram um papel importante no massacre das corporações sobre a natureza e a agricultura. As tecnologias de revolução verde causaram assolamento social e ambiental onde quer que elas fossem aplicadas, criando exclusão e fome em vez de as eliminar. Hoje, a biotecnologia moderna está emergindo, junto com as patentes da vida, como um das armas mais poderosas e perigosas das corporações para assumir o controle dos sistemas alimentares no mundo inteiro. Devem ser resistidas a engenharia genética e as patentes de vida, já que o seu potencial de impacto social e ambiental é o maior da história de humanidade.

As lutas empreendidas pelos desprivilegiados de todo o mundo contra o paradigma capitalista global são um trabalho para a regeneração da nossa herança natural e a reconstrução de comunidades integradas, igualitárias. Nossa visão é de uma economia e uma política descentralizadas baseadas nos direitos de comunidades aos recursos naturais e a planejar o seu próprio desenvolvimento, com igualdade e autoconfiança como os valores básicos. Em lugar das prioridades distorcidas impostas pelos desígnios globais em setores como transporte, infra-estrutura e energia, e tecnologia energética intensiva, afirmamos nosso direito a viver satisfazendo as necessidades básicas de todo o mundo, excluindo a ambição da minoria consumista. Respeitando o conhecimento tradicional e as culturas de acordo com os valores de igualdade, justiça e sustentabilidade, comprometemo-nos a desenvolver modos criativos de usar e distribuir razoavelmente nossos recursos naturais.
Cultura

Outro aspecto importante da globalização, tal como é orquestrada pela OMC e outras agências internacionais, é a comercialização e mercantilização da cultura, a apropriação da diversidade para cooptá-la e integrá-la ao processo de acumulação capitalista. Este processo de homogeneização pela mídia não só contribui para a destruição das cadeias culturais e sociais em comunidades locais, mas também destrói a essência e o significado da cultura.

A diversidade cultural não só tem um valor imensurável por si mesma, como reflexo da criatividade e do potencial humanos; mas também constitui uma ferramenta fundamental para a resistência e a auto-confiança. Conseqüentemente, a homogeneização cultural tem sido uma das ferramentas mais importantes para o controle central desde o colonialismo. No passado, a eliminação da diversidade cultural era principalmente realizada pela Igreja e pela imposição dos idiomas coloniais. Hoje, os meios de comunicação de massas e a cultura consumista das corporações são os agentes principais da mercantilização e da homogeneização da diversidade cultural. O resultado deste processo não é só uma perda importante da herança da humanidade: também cria uma dependência alarmante na cultura capitalista do consumo de massa, uma dependência que é muito mais profunda na sua natureza e muito mais difícil de eliminar que a dependência econômica ou política.

O controle sobre a cultura deve ser arrancado das mãos das corporações e deve ser reclamada pelas comunidades para si mesmas. Autoconfiança e liberdade só são possíveis na base de uma viva diversidade cultural que permita aos povos determinar de modo independente todo e qualquer aspecto das suas vidas. Nós estamos profundamente comprometidos com a libertação cultural em todas as áreas da vida, da alimentação aos filmes, da música à mídia. Nós contribuiremos com nossa ação direta ao desmantelamento da cultura corporativa e a criação de espaços para a criatividade genuína.

Conhecimento e tecnologia

O conhecimento e a tecnologia não são neutras nem estão isentas de valor. A dominação do capital está em parte baseado em seu controle sobre ambos. A ciência ocidental e a tecnologia deram contribuições muito importantes à humanidade, mas a sua dominação varreu sistemas de conhecimento muito diversos e valiosos e tecnologias baseadas em experiências seculares.

A ciência ocidental se caracteriza pela produção de modelos simplificados da realidade para propósitos experimentais; conseqüentemente, o método científico reducionista tem uma capacidade extremamente limitada para produzir conhecimento útil sobre sistemas complexos e diversos como a agricultura. Os sistemas de conhecimento e os métodos de produção de conhecimento tradicionais são mais efetivos, já que eles estão baseados na observação direta de gerações e na interação com sistemas complexos não simplificados. As tecnologias baseadas na "ciência" e no uso intensivo de capital, invariavelmente não alcançam as suas metas em sistemas complexos, e muitas vezes provocam a desordem destes sistemas, como as tecnologias da revolução verde, as tecnologias modernas de represa hidráulica e muitos outros exemplos demonstram.

Apesar dos seus muitos fracassos, as tecnologias de capital intensivo são sistematicamente tratadas como superiores às tecnologias tradicionais, mesmo quando estas são de trabalho intensivo. Esta discriminação ideológica resulta em desemprego, endividamento e, mais importante, na perda de um corpo inestimável de conhecimentos e tecnologias acumuladas durante séculos. O conhecimento tradicional, freqüentemente controlado por mulheres, tem sido até recentemente rejeitado como "superstição" e "bruxaria" por cientistas e acadêmicos ocidentais, majoritariamente machos. O "racionalismo" e "modernização" tem durante séculos destruido-os irreparavelmente. Porém, as corporações farmacêuticas e agrícolas descobriram recentemente o valor e o potencial do conhecimento tradicional, e o estão roubando, patenteando e mercantilizando para o seu próprio benefício e lucro.

A tecnologia de capital intensivo é projetada, promovida, comercializada e imposta para servir ao processo de globalização capitalista. Como o uso de tecnologias tem uma influência muito grande na vida social e individual, os povos deveriam exercer uma livre escolha, acesso e controle sobre as tecnologias. Somente as tecnologias que possam ser administradas, operacionadas e controladas pelos povos desde baixo deveriam ser consideradas válidas. Também o controle do modo como é projetada e produzida a tecnologia, seus âmbitos e finalidades, deveria ser inspirado por princípios humanos de solidariedade, cooperação mútua e bom senso. Hoje, os princípios subjacentes à produção de tecnologias é exatamente o oposto: ganho, competição e a produção deliberada de obsolescências. O processo de apoderamento passa pelo controle das gentes sobre o uso e a produção de tecnologias.
Educação e juventude

O conteúdo do sistema de ensino presente é condicionado cada vez mais pelas demandas de produção ditadas pelas corporações. Os interesses e as exigências da globalização econômica estão conduzindo a uma mercantilização crescente da educação. A diminuição dos orçamentos públicos na educação estão encorajando o desenvolvimento de escolas e universidades privadas, enquanto as condições do trabalho das pessoas que trabalham no setor de educação público estão sendo corroídas pela severidade dos Programas de Ajuste Estruturais. Crescentemente, aprender está se tornando um processo que intensifica as desigualdades sociais. Até mesmo o sistema de ensino público, e sobretudo as universidades, está ficando inacessível para largos setores das sociedades. A aprendizagem das humanidades (história, filosofia, etc.) e o desenvolvimento de pensamento crítico estão sendo desencorajados em favor de uma educação servil aos interesses do processo de globalização onde os valores competitivos são predominantes. Os estudantes crescentemente gastam mais tempo aprendendo a competir entre si do que no aumento do crescimento pessoal, de suas habilidades críticas e seu potencial para transformar a sociedade.

A educação, como uma ferramenta para a mudança social, requer educadores críticos e acadêmicos com capacidade de confrontação, em todos os sistemas educacionais. A educação baseada na comunidade pode provocar processos de aprendizagem junto aos movimentos sociais. O direito à informação é essencial para o trabalho dos movimentos sociais. O acesso limitado e desigual ao aprendizado de idiomas, especialmente para mulheres, dificulta a participação na atividade política. Construir estas ferramentas é um modo de reforçar e reconstruir valores humanos, ainda que a educação formal esteja crescentemente sendo comercializada como um veículo para chegar ao mercado global. Isto é realizado através dos investimentos das corporações na pesquisa e pela promoção dos conhecimentos orientados para as habilidades requeridas pelo mercado. A dominação dos meios de comunicação de massas deveria ser dissolvida e o direito para reproduzir nosso próprio conhecimento e cultura deve ser apoiado.

Porém, para muitas crianças em todo o mundo, a mercantilização da educação não é uma questão, já que eles estão sendo mercantilizados como força de trabalho explorada e objetos sexuais e sofrendo níveis desumanos de violência. A globalização econômica está na raiz do pesadelo diário de números crescentes de crianças exploradas. O seu destino é a conseqüência mais horrível da miséria gerada pelo mercado global.

Militarização

A globalização está agravando crises complexas e crescentes que dão lugar a tensões e conflitos difundidos. A necessidade para lidar com esta desordem crescente está intensificando a militarização e a repressão (mais policia, cárceres, prisões, prisioneiros) em nossas sociedades. Instituições militares, como a OTAN – dominada pelos E.U.A. –, que organizam a outros poderes do Norte, estão entre os principais instrumentos que mantêm esta ordem mundial desigual e injusta. O Serviço Militar obrigatório em muitos países doutrina os jovens para legitimar o militarismo. Igualmente, os meios de comunicação de massas e a cultura das corporações glorificam o exército e exaltam o uso de violência. Também há, atrás de fachadas de estruturas democráticas, uma militarização crescente dos Estados-nação que em muitos países fazem uso de grupos paramilitares sem cara para impor os interesses do capital.

Ao mesmo tempo, o complexo industrial-militar, um dos principais pilares do sistema econômico global, é crescentemente controlado pelas gigantescas corporações privadas. A OMC deixa formalmente os assuntos da defesa aos Estados, mas o setor militar, de fato, é um campo fundamental à busca do lucro privado.

A AGP reclama o desmantelando das armas nucleares e todas as outras armas de destruição em massa. O Tribunal Mundial de Haia declarou recentemente que as armas nucleares violam o direito internacional e chamou todos os países com armas nucleares para que concordem em as desmantelar. Isto significa que a estratégia de OTAN, baseado no possível uso de armas nucleares, supõe um crime contra a humanidade.

Migração e discriminação

O regime neoliberal provê a liberdade ao movimento do capital, enquanto nega a liberdade de movimento para os seres humanos. Constantemente estão sendo reforçadas as barreiras legais para a migração, ao mesmo tempo que a destruição massiva dos meios de vida e a concentração de riqueza nos países privilegiados desarraigam milhões de pessoas e as força a buscar trabalho longe das suas casas.

Os migrantes estão, assim, em situações cada vez mais precárias e freqüentemente ilegais, objetos mais fáceis para os seus exploradores. Eles são feitos os bodes expiatórios, contra quem os políticos de direita encorajam a população local para desabafar as suas frustrações. A solidariedade com migrantes é mais importante que nunca. Não há nenhum humano ilegal, só leis inumanas.
O racismo, a xenofobia, o sistema de castas e o fanatismo religioso são usados para nos dividir e devemos resistidos a eles em todas as frentes. Nós celebramos nossa diversidade de culturas e comunidades, sem aceitar a superioridade de nenhum sobre o outro.

* * *

A OMC, o FMI, o Banco Mundial, e outras instituições que promovem a globalização e a liberalização querem que nós acreditemos nos efeitos benéficos de competição global. Os seus acordos e políticas constituem violações diretas dos direitos humanos básicos (incluindo os direitos civis, políticos, econômicos, sociais, trabalhistas e culturais), estabelecidos no direito internacional e em muitas constituições nacionais, e nas concepções das pessoas acerca da dignidade humana. Basta dessas suas políticas inumanas. Nós rejeitamos o princípio de competitividade como solução para problemas de povos. Só conduz à destruição dos pequenos produtores e das economias locais. O neoliberalismo é o real inimigo da liberdade econômica.

II

O capitalismo está cortando até as frágeis conquistas de séculos de lutas em contextos nacionais. Só está mantendo vivo o Estado-nação com a finalidade de controle e repressão dos povos, enquanto cria um novo sistema regulador transnacional para facilitar sua operação global. Nós não podemos confrontar o capitalismo transnacional com as ferramentas tradicionais usadas no contexto nacional. Neste novo mundo globalizado nós precisamos inventar formas novas de luta e solidariedade, objetivos novos e estratégias em nosso trabalho político. Nós temos que juntar nossas forças para criar espaços diversos de cooperação, igualdade, dignidade, justiça e liberdade a uma escala humana, enquanto ataque contra o capital nacional e transnacional e os acordos e instituições que ele cria para afirmar seu poder.

Há muitos diversos modos de resistência contra a globalização capitalista e suas conseqüências. A um nível individual, nós precisamos transformar nossas vidas diárias e nos libertarmos das leis de mercado e da busca do lucro privado. Ao nível coletivo, nós precisamos desenvolver uma diversidade de formas de organização a diferentes níveis, reconhecendo que não há um único modo de resolver os problemas que nós estamos enfrentando. Tais organizações têm que ser independentes das estruturas governativas e dos poderes econômicos, e baseadas na democracia direta. Estas novas formas de organização autônoma deverão emergir de e enraizar em comunidades locais, enquanto ao mesmo tempo praticando a solidariedade internacional, construindo pontes para conectar diferentes setores sociais, povos e organizações que já estão lutando contra a globalização em todo o mundo.

Estas ferramentas para coordenação e autorização provê espaços para pôr em prática uma diversidade de estratégias locais e em pequena escala, desenvolvidas no mundo inteiro pelos povos nas últimas décadas, na busca de defender suas comunidades, bairros ou pequenos coletivos do mercado global. Vínculos diretos entre os produtores e consumidores em áreas rurais e urbanas, moedas correntes locais, esquemas de crédito sem juros e instrumentos semelhantes são meios para a criação de economias locais, sustentáveis e autoconfiantes, baseadas na cooperação e na solidariedade em lugar da competição e do lucro. Enquanto o cassino financeiro global vai a velocidade crescente em direção à desintegração social e ambiental e ao desarranjo econômico, nós o povos reconstruiremos meios de vida sustentáveis. Nossos meios e inspirações emanarão do conhecimento e das tecnologias tradicionais dos povos, das casas e campos ocupados, de uma viva e forte diversidade cultural e uma determinação muito clara para desobedecer e desrespeitar ativamente todos os tratados e instituições que são a raiz da miséria.

No contexto de governos que agem no mundo inteiro como criaturas e ferramentas dos poderes capitalistas e das políticas neoliberais, implementando sem debate entre os seus próprios povos ou os representantes elegidos deles, a única alternativa que permanece para as pessoas é destruir estes acordos de comércio e restabelecer para eles uma vida com democracia direta, livre de coerção, dominação e exploração. A ação direta democrática que leva em si mesma a essência da desobediência civil não-violenta aos sistemas injustos é conseqüentemente o único modo possível para parar os poders estatais e das corporações. Também tem o elemento essencial da imediatez. Porém não julgamos a quem usa de outras formas de ação sob certas circunstâncias.

Tornou-se urgente a necssidade de coordenar ações para desmantelar o ilegítimo sistema administrativo do mundo que combina o capital transnacional, os Estados-nação, as instituições financeiras internacionais e os acordos de comércio. Só uma aliança global de movimentos populares, com respeito a autonomia e facilitando resistência a ação-orientada, pode derrotar este emergente monstro globalizado. Se o empobrecimento de populações é o programa de trabalho do neoliberalismo, o apoderamento dos povos, através da ação direta construtiva e a desobediência civil serão o programa da Ação Global dos Povos contra o "Comércio Livre" e a OMC.

Nós afirmamos nossa disposição em lutar como povos contra todas as formas de opressão. Mas nós não só lutamos contra os males impostos em nós. Nós também estamos comprometidos em construir um novo mundo, juntos como seres humanos e comunidades cuja unidade está profundamente enraizada em nossa diversidade. Juntos nós amoldamos uma visão de um mundo justo e começamos a construir aquela verdadeira prosperidade que vem do enriquecimento humano, a relação r5espeitosa e generosa com a natureza, a diversidade, a dignidade e a liberdade.

Genebra, 1998 de fevereiro-março

(Manifesto aprovado, em 1ª versão, na 1ª Conferência Global da AGP, em fevereiro/98, em Genebra. A atual versão foi desenvolvida e aprovada, segundo as sugestões dos movimentos de base de todos os continentes, na 2ª Conferência Global da AGP, realizada em agosto/99, em Karnataka, Índia).


Ação Global dos Povos

30 de agosto de 2007

Aprender esperanto!?por quê não rapaiz?





Jaromir Babitchka


ANA > Hoje "muita" gente do meio libertário considera o Esperanto umdefunto, ou uma coisa exótica. Eu ouvi um compa, que participou doúltimo Congresso da Internacional de Federações Anarquistas na França,dizer que lá tinha gente de tudo que é canto do mundo, gente queconseguia se comunicar em 4 ou 5 línguas, mas nada de Esperanto. Aliás,eu desconheço algum congresso anarquista onde a língua "oficial" doencontro tenha sido o Esperanto. Você sabe de algum? Outra coisa, o quevocê acha desse "jeitinho libertário" das pessoas aqui no Brasil secomunicarem no "portunhol"? René <>É baseado neste emaranhado de siglas que
decidimos não nos precipitar. Temos que ser representativos ao criarmos
um tipo de organização dessa. Senão ela perde seu significado.

ANA > Há tempos você vem divulgando o esperanto no meio anarquista.
Nesse trajeto, qual a sua avaliação? Você nota alguma mudança?
René < Não tem um meio em particular que eu mais divulgo o esperanto.
São em todos lugares: escolas, trabalho, grupos em geral. No meio
anarquista é conseqüência, pois estou neste meio. Acho muito pertinente
que se use o esperanto como uma forma de internacionalização da
comunicação e forma de resistência a hegemonia lingüística, que destroem
culturas. No caso o inglês, e daqui a pouco o chinês. Nessa trajetória,
vejo que muito poucos anarcos têm compreendido esta mensagem. Preferem
gastar milhares de reais e horas de estudo para aprender um pouco (veja
bem, UM POUCO) da língua de Shake speare ao invés de gastar muito menos
para aprender MUITO MAIS na língua de Zamenhof. Isso é bem a cara
daqueles que preferem a cômoda situação de se dizerem anarquistas ao
invés de por em prática seus ideais. Este comodismo está muito bem
colocado no dois primeiros artigos da revista Utopia #17 e em "As
Comunidades Experimentais como Alternativa ao Capitalismo" Utopia #16.
Há algum tempo poderíamos até justificar que tínhamos que lutar contra
ditaduras, etc e tal. Mas hoje, não vejo motivo de cada um, mesmo sem o
capital, se lançar em projetos pela base. Estes indivíduos ainda
preferem o discurso ao invés da pratica.

ANA > Hoje "muita" gente do meio libertário considera o Esperanto um
defunto, ou uma coisa exótica. Eu ouvi um compa, que participou do
último Congresso da Internacional de Federações Anarquistas na França,
dizer que lá tinha gente de tudo que é canto do mundo, gente que
conseguia se comunicar em 4 ou 5 línguas, mas nada de Esperanto. Aliás,
eu desconheço algum congresso anarquista onde a língua "oficial" do
encontro tenha sido o Esperanto. Você sabe de algum? Outra coisa, o que
você acha desse "jeitinho libertário" das pessoas aqui no Brasil se
comunicarem no "portunhol"? René < Acho que você já recebeu mensagens
minhas mostrando o quanto pode ser útil e o quanto o Esperanto tem
crescido, principalmente pelo advento da int ernet. Faça uma busca no
google.com e verá o quanto ele existe. Como eu disse acima, temos medo
de ousar. O Esperanto não é uma das minhas bandeiras de luta numero um.
No entanto, quando vou a uma escola, vejo a enorme quantidade de
dinheiro gasto para ensinar "ingrês" ou espanhol, e um resultado
insignificante, fico pensando: estamos vivendo uma neurose lingüística.
Nós, anarquistas, somos vítimas e contribuímos para aumentar essa
neurose e nem percebemos. O poder da palavra, e conseqüentemente de uma
língua é enorme, e o desprezamos. Criamos uma elite anarquista que teve
o privilégio de aprender 4 ou 5 idiomas, e por isso nem conseguem mais
fazer uma crítica a este sistema elitista excludente que é o problema
das línguas. Quanto à língua "oficial" ser o Esperanto posso dizer o
seguinte. Dentro do mundo esperantista existe a SAT (Associação
Anacionalista Mundial), que é um tipo de organização das organizações de
esquerda dentro do Esperanto. Nela existe ainda as suas "Fakoj" (seçõ
es), entre elas a anarquista. No congresso da "Fako" anarquista, a
língua oficial é o Esperanto. Já ouve inclusive aqui no Brasil. Aí algum
oportunista me diria: mas isso é uma forma excludente, pois tem poucos
anarco-esperantistas. Eu também acho. Mas acho tanto excludente e
elitista quanto o congresso anarquista na França. Sou um crítico desse
tipo de coisas. Já fui em pelo menos dois congressos "internacionais" em
que o jeitinho era o portunhol. Eficientes para nós, latino-americanos.
Agora quando entra gente da Ásia, Leste-europeu, etc, pronto, "A Torre
de Babel" está formada. Você já foi em algum congresso internacional em
que haviam pessoas de todos os continentes em um bom número? Se foi
notará um predomínio das falas daquelas pessoas cujas suas línguas
maternas é o inglês. Começa aí a exclusão. Mas eu também já fui em 2
"Internacionais" que era mais fácil se chamar de, com muita boa vontade,
americano com participação de 3 indivíduos de Portugal e Espanha.
Existem crítica s ao Esperanto e eu as reconheço. Contudo, ainda é a
melhor solução para o problema das línguas. Aqueles que quiserem dar uma
bisbilhotada e meter a mão-na-massa, podem começar por: www.lernu.net
(mais de 6500 usuários de todo o mundo. Há possibilidade de se
conversar ao vivo) ou www.anarkopagina.org/esperanto






Um prisioneiro político - só por causa do Esperanto

Jaromir Babitchka acaba de festejar seus noventa anos de idade. Ele permaneceu fiel aos ideais do Esperanto e à ferrovia durante toda a vida, embora justamente essa fidelidade ao Esperanto e ao internacionalismo transformaram-no em um "espião" e ele foi preso nas condições mais terríveis do campo de concentração comunista de Jachymov (Rep. Tcheca). Stanjo e Petro Chrdle entrevistaram-no para a revista Sennaciulo (n. 1123, Jan./99), da Associação Mundial Sem-Nacionalidade (SAT). Tradução do esperanto para o português feita pelo Kultura Centro de Esperanto-Campinas.
Stanjo: Quando e como você tomou contato com o Esperanto?
Babitchka: Quando eu era vice-chefe da estação ferroviária de Podmokly (atual Decin), um francês procurava um tcheco e me mostrou uma carta escrita numa língua desconhecida. Isso foi em 1945, depois da guerra. Eu me admirei: o francês eu sabia, mas não era aquela língua - embora eu compreendesse um pouco do conteúdo. Depois de saber que se tratava da língua internacional Esperanto, eu a aprendi rapidamente. Um ano depois eu já comecei a ensiná-la e fundei um clube de Esperanto para ferroviários locais, o "Sempre Avante".
Petro: Todos sabemos que você foi acusado de atividades contra o regime socialista. Mas como foi expressa efetivamente a acusação? Quando e como você foi informado?
Babitchka: A citação do parágrafo foi concisa: espionagem para o ocidente por meio de palavras codificadas em cartas em Esperanto e traição à pátria. Isso aconteceu em setembro de 1953, durante meu tratamento na estação hidromineral de Marianske Lazne. Ao voltar de um passeio, estavam me aguardando dois policiais civis e sem nenhuma explicação me conduziram para a prisão de Litomerice, onde fui interrogado diariamente durante quatro meses, até o fim do julgamento. Como eu foram presos também alguns dos meus alunos, que "receberam" alguns anos a menos na condenação.
Stanjo: De quanto em quanto tempo você podia ter contato com sua família? Você podia visitá-los, ou pelo menos receber a visita deles?
Babitchka: Sair para visitar a família era impossível. O direito de receber a visita de um parente era para uma vez a cada dois meses, por dez minutos, através de uma cortina de ferro, sob o olhar de um guarda - isso com a condição de que nesses dois meses a conduta tivesse sido irrepreensível. Eu mesmo consegui receber a permissão duas vezes durante toda a minha estada lá.
Stanjo: Quando você conseguiu reverter a condenação e se libertar, em outras palavras, quanto tempo você teve que sofrer?
Babitchka: Depois do veredito do tribunal, meu advogado me aconselhou não apelar, porque ele acreditava ser um desperdício de dinheiro e de tempo. Ele prometeu pegar o caso no momento em que a pressão política fosse menos intensa. E ele realmente fez isso em 1956, depois do fim do culto à personalidade de Stalin. Então em fevereiro de 1957 eu fui solto e dois meses depois declarado inocente desde o começo. Não recebi, porém, qualquer indenização e não pude encontrar trabalho. Mas isso já é outra história.
Petro: Eu sei, de outras conversas com você, que voce não gosta muito de se relembrar desses anos e nós entendemos bem o porquê. Mas você poderia descrever aos leitores um típico dia de trabalho na prisão?
Babitchka: Nós trabalhávamos muito nas minas de urânio de Jachymov, oito horas por dia, em três turnos. Da nossa prisão nós éramos conduzidos em um pelotão fechado em filas de 7 pessoas cada, tão apertado que só se podia dar um passo todos ao mesmo tempo; cercados com uma corrente, que precisavam segurar os que estavam nas laterais, e ainda à nossa volta iam guardas com cães. Nós éramos os prisioneiros mais perigosos! Nas minas profundas nós trabalhávamos pesado em um calorão. Ao sair das minas nós tínhamos que esperar bastante tempo a chegada de guardas para sermos escoltados de volta, às vezes por horas, principalmente se tudo estava congelado.
Stanjo: Você ainda pode se lembrar do que recebiam para comer?
Babitchka: Quanto à comida o mais terível foi no período do inquérito, quando era quase nenhuma e ainda mal podia se comer. No trabalho das minas nós recebíamos já um pouco mais. Além disso nós podíamos comer mais pão, e por boa conduta podíamos até comprar waffles. Ficava claro que nós precisávamos estar fortes. Nem sempre, mas de vez em quando nós recebíamos até carne.
Petro: Você pode se lembrar de um acontecimento que tenha sido especialmente desagradável e pelo menos uma boa experiência vivida no campo de concentração?
Babitchka: Meu primeiro Natal em Jachymov foi incrível. Indo à latrina eu não prestei atenção, por causa da neve, a um guarda e não o cumprimentei. Vei o castigo: quatro dias na solitária. Fui jogado numa cela com janela de grade sem vidro, pela qual nevava dentro da cela e congelava tudo. Antes de entrar, eu tive que tirar os sapatos e fiquei descalço. Dentro havia um beliche, sem cobertor. Para comer eu recebia um pedacinho de pão para o dia todo e uma jarra de agua morna. Dois dias eu consegui andar e me movimentar para não morrer congelado, até que eu tive a coragem de berrar que eu precisava de um médico. O guarda me desaconselhou dizendo que haveria condições ainda piores como um novo castigo. Mas eu insisti e fui levado ao médico, que me permitiu receber um cobertor. Fui levado ao almoxarifado onde havia uma pilha de cobertores que ia até o teto. Eu percebi que um era mais grosso e o escolhi. Isso provavelmente salvou a minha vida, porque eram dois cobertores dobrados como se fossem um e eu até me aventurei a dormir e não morri.
A melhor experiência? Quando nós soubemos, através de novos presos, que na Hungria começara uma contra-revolução e que os stalinistas seriam provavelmente afastadados. Logo nós sentimos um comportamento mais humano, até um dia quando fui chamado ao escritório e me anunciaram que eu estava livre para voltar para casa. Eu não acreditei, achando que era mais uma brincadeira cruel, ao final da qual eles me atirariam como em um fugitivo, mas a notícia tornou-se verdade!
Stanjo: depois de tanto sofrimento que você passou por causa do Esperanto, você lamenta tê-lo aprendido?
Babitchka: Não. Pelo contrário, o Esperanto me trouxe um sentido à vida. Através dele eu conheci os melhores amigos e ele até salvou a minha mente naqueles quatro anos difíceis: nós podíamos emprestar um livro a cada dois meses para que vivêssemos com cultura nas barracas. Eu o lia sempre rápido e depois o traduzia às vezes em Esperanto, mesmo sem papel, só para exercitar o cérebro até receber um novo livro.
Nós o agradecemos muito por suas respostas e lhe desejamos (certamente também em nome dos leitores da Sennaciulo) saúde e alegrias ainda por muitos anos.
Nota: nem todos tiveram uma resistência tão boa e voltaram para casa... Todas as vítimas, mas também os verdadeiros criminosos que atormentaram presos políticos inocentes, são lembrados em um museu que será visitado na excursão "Jachymov" do 72. Congresso Anual da SAT em 1999, em Karlovy Vary. É do material informativo do Congresso que retiramos o texto de Stanjo Chrdle:
Jachymov - cidadezinha que ficou famosa algumas vezes
Jachymov (leia-se jahimof) é hoje uma cidadezinha tranqüila e uma bela estância hidromineral, mas séculos atrás foi uma importante cidade tcheca (a segunda maior), e ficou famosa mundialmente. Já na Idade Média existia lá uma rica mina de prata e na casa da moeda local surgiu o "tolar de Jachymov", que se tornou rapidamente uma unidade monetária adotada amplamente e que veio até a dar nome ao dólar, usado em muitos países, inclusive os EUA.
No século XIX a cidade se tornou mais uma vez mundialmente conhecida por sua rica jazida de urânio, da qual Marie Curie-Sklodowska com a ajuda de seu marido isolou o rádio e com isso deu início a uma nova época da tecnologia. Mas a existência do rádio teve também outras conseqüências que influenciaram a vida da cidade. Já em 1906 era usado o elemento rádio para tratamentos e é usado até hoje. Parece ter sido a primeira, mas certamente é hoje a mais conhecida.
O urânio trouxe também sombras à história da cidade. Por sua riqueza em urânio, depois da Segunda Guerra 100% dessa matéria-prima estratégica eram exportados para a União Soviética. Para o trabalho perigoso faltava mão de obra, então lá trabalhavam os prisioneiros de guerra e desde 1951 lá funcionou o mais mal-afamado campo de concentração da Tchecoslováquia. Em uma dezena de minas de urânio, sob condições sub-humanas, trabalharam e sofreram presos políticos até a queda do culto à personalidade de Stalin em 1956.
Os comunistas desde então eliminaram todos os rastros do campo de concentração, cuja existência era um tabu não mencionado até o ano de 1989. O campo está agora documentado e lembrado por um museu e monumentos que pedem que não nos esqueçamos.

15 de agosto de 2007

O DIY (faça voce mesmo)do prato!



http://www.youtube.com/watch?v=KwMGgAjxkNA




Pizza vegana

Ingredientes: 1 xic de água morna, 2 col. chá de óleo, 1 col. sopa açúcar, 1 col. sopa sal,
1 xic de farinha integral, 1,5 xic de farinha, 1 col sopa de fermento, alho, tofu,
pesto, orégano, pimenta, tomate, tomate seco, pimentão, cebola roxa, cogumelo.



Trufas

250 g (2 xícaras) de farelo de bolo
100 g (½ xícara) de alfarroba
2 cds de geléia
1 ou 2 cds de leite de soja quente
coco ralado ou farofa de nozes para cobertura
Dissolva a alfarroba no leite em fogo baixo. Coloque os fare­los de bolo numa tigela e faça um buraco no centro. Acrescente a geléia e a alfarroba. Mexa com um garfo, adicionando um pouco de leite até que todos os ingredientes se misturem. Com essa massa, forme pequenas bolas (2,5 cm de diâmetro). Passe-as no coco ralado ou farofa de nozes. Se quiser, coloque-as em forminhas de papel.

Mão a massa!

5 de agosto de 2007

Mero desabafo!


(Esperança demais cega!alias tudo que é demais perde seu sentido concreto!)
(?)

eternamente escravos!

Uma questão me responda por favor..
como se livrar desse mal que assola o inconciente social?como agir pelo prazer pelo sorriso aquecedor do próximo passar nossa mensagem de esperança sem que atirem-nos pedras nem riam de nossas caras desmerecendo nossos sonhos ,nos impedindo de respirar de falar,sem que calem nossas bocas,sem que espanquem-nos ,e nos acorrentem.sem que nos deixem nus perante nós mesmo?como?!!!!!

.

..outro dia veio um rapaz do nada me parou na rua para conversar e eu senti medo, achei q era assalto ou qualquer tipo de coisa parecida e nem dei atenção.depois me senti tão mal por isso...a ignorei fazendo aquilo que mais odeio de fato e que a sociedade me dá em troco por simplesmente querer me expressar tão simples....e fiz isso,fiz isso!!!!maldita contradição!mais nao tenho outra escolha a nao ser essa de sentir esse sentimento que é sim contra minha vontade devido ao lugar em que cresci e o bate-volta da tradição da lei da sobrevivencia ou assim- ou- assim.labirinto maldito que obriga a ação inconciente de ser tomada .queria abraçar aquela pessoa por sua humildade e puresa momentanea de simplesmente contar como foi seu dia pra alguem partilhar seu assunto,ve-la sorrir e talvez faze-la sorrir e mostrar exatamente o contrario a esse pensamento alienado que tive ,costumes e costumes e vicios por abitos.estou farta disso tudo.sim eternamente escravos dos papéis!papéis malditos papéis!


malditos vicios que formam entao uma personalidade,sim um ser completo,um babaca completo um mero

seguidor de papéis

inconciente ou nao,seguidor.

ééé....a liberdade custa caro!

pela libertação dos manicomios!

não somos loucos por pensar.loucos são eles ,por quererem comprar nossas mentes
porra!!!

3 de agosto de 2007

Um arrôto a arte

....Bem, a arte morreu, e agora? Vamos para casa?
Algumas possibilidades de transformação na arte e através da arte. O que é tão engraçado a respeito da Arte?A Arte foi gargalhada até a morte pelo dada? Ou talvez este sardonicídio se deu ainda antes, com a primeira performance do Ubu Rei? Ou com a gargalhada sarcástica de fantasma-da-ópera do Baudelaire, que tanto perturbava seus bons amigos burgueses?O que é engraçado a respeito da Arte (apesar de ser mais engraçado-peculiar do que engraçado-haha) é a visão do cadáver que se recusa a cair, este gincana de mortos-vivos, este teatro de marionetes macabro com todas as cordas ligadas ao Capital (um plutocrata inchado tipo Diego Rivera), este simulacro moribundo zumbizando freneticamente por aí, fingindo ser a única coisa viva de verdade em todo o Universo.Em face de uma ironia como esta, uma duplicidade tão extrema que chega a um abismo intransponível, qualquer poder de cura de uma gargalhada-na-arte tem que ser no mínimo tomado como suspeito, a propriedade ilusória de uma auto-proclamada elite ou pseudo-vanguarda. Para haver uma vanguarda genuína, a Arte deveria estar indo a algum lugar, e há muito tempo já que este não é o caso. Mencionamos Rivera; certamente nenhum outro artista político genuínamente engraçado chegou a pintar em nosso século - mas para que fim? Trotskysmo! A mais morta e sem saída das políticas do século XX! Sem poder de cura aqui - apenas o barulho oco da zombaria sem poder, ecoando através do abismo.Para curar, é preciso primeiro destruir - e a arte política que falha em destruir o alvo de seu riso acaba fortificando exatamente as forças que pretende atacar. "O que não me mata me deixa mais forte," diz com desprezo a figura suína em sua cartola brilhante (imitando Nietzsche, é claro, pobre Nietzsche, que tentou gargalhar todo o século dezenove até a morte, mas acabou como um cadáver vivo, cuja irmã lhe amarrou cordas em seus membros para fazê-lo dançar para os fascistas).Não há nada particularmente misterioso ou metafísico sobre o processo. As circunstâncias, a pobreza, certa vez forçaram Rivera a aceitar um trabalho para vir aos EUA e pintar um mural - para Rockfeller! - o próprio arquétipo máximo de leitão da Wall Street! Rivera fez de seu trabalho uma peça gritante de panfletagem comunista - e então Rockfeller a obliterou. Como se isto não fosse engraçado o bastante, a piada de verdade é que Rockfeller poderia ter saboreado a vitória ainda mais docemente sem destruir o trabalho, mas pagando por ele e o exibindo, transformando-o em Arte, esse parasita banguela da decoração de interiores, essa piada.O sonho do Romantismo: que a o mundo-realidade dos valores burgueses poderia de alguma maneira ser persuadido a consumir, a absorver, uma arte que à primeira vista se parecesse com todo o resto da arte (livros para ler, quadros para pendurar na parede, etc.), mas que secretamente infeccionaria a realidade com algo mais, algo que mudaria a maneira como é vista, viraria a mesa, colocaria no lugar os valores revolucionários da arte.Este também foi o sonho do surrealismo. Até mesmo o dada, apesar de seu descarado show de cinismo, ainda ousava ter esperanças. Do Romantismo ao Situacionismo, de Blake a 1968, o sonho de cada vitória sobre o ontem se tornou conversinha decorativa de cada amanhã - comprado, mastigado, reproduzido, vendido, consignado a museus, bibliotecas, universidades e outros mausoléus, esquecido, perdido, ressurecto, tornado em loucura nostálgica, reproduzido, vendido, etc., etc., ad nauseam.Para entender o quanto Cruikshank ou Daumier ou Grandville ou Rivera ou Tzara ou Duchamp destruíram a visão do mundo burguesa de seus tempos, é preciso se enterrar numa tempestade de referências históricas e se alucinar - já que de fato a destruição-pelo-riso foi um sucesso teóríco mas um fracasso na realidade - o peso morto da ilusão falhou em mover uma polegada com a gargalhada histérica, o ataque do riso. Não foi a sociedade burguesa que entrou em colapso no final, foi a arte.Á luz do trote que foi pregado em nós, é como se o artista contemporâneo fosse colocado entre duas escolhas (uma vez que o suicídio não é uma solução): um, seguir lançando ataque atrás de ataque, movimento atrás de movimento, na esperança de que um dia (logo) "a coisa" vai ficar tão fraca, tão vazia, que vai evaporar e nos deixar sozinhos no campo de batalha; ou dois, começar imediatamente agora a viver como se a batalha já estivesse vencida, como se hoje o artista já não fosse um tipo especial de pessoa, mas cada pessoa um tipo especial de artista (foi isto que os Situacionistas chamaram de "a supressão e realização da arte").Ambas estas opções são tão "impossíveis" que agir em qualquer uma delas seria uma piada. Não precisaríamos fazer arte "engraçada" por que apenas fazer arte seria engraçado o suficiente para soltar os intestinos. Mas pelo menos seria a nossa piada (quem pode dizer com certeza que falharíamos? "Eu amo não conhecer o futuro" - Nietzsche). Para que possamos começar a jogar este jogo, devemos provavelmente estabelecer certas regras para nós mesmos:

1. Não há questões. Não existe esse negócio de sexismo, fascismo, especismo, visualismo, ou nenhum outra "franquia de questão" que possa ser separada do complexo social e tratada com um "discurso" como um "problema". Há apenas a totalidade que divide todas estas "questões" ilusórias na completa falsidade de seu discurso, fazendo de todas as opiniões, prós e contras, em apenas bens-de-pensamento para serem compradas e vendidas. E esta totalidade é ela própria uma ilusão, um pesadelo maligno do qual estamos tentando (através da arte, do humor, ou de qualquer outro meio) despertar.


2. Tanto quanto possível, qualquer coisa que façamos deve ser feita fora da estrutura psíquica/econômica gerada pela totalidade como o espaço permissível para o jogo da arte. Como, você pergunta, nós ganharemos a vida sem galerias, agentes, museus, publicação comercial, a NEA* e outras agências em benefício das artes? Bem, ninguém precisa pedir pelo improvável. Mas ainda devemos exigir o "impossível" - ou então, por que catzo uma pessoa é artista?! Não é o suficiente ocupar um pedestal sagrado e especial chamado Arte de cima do qual se zomba da estupidez e injustiça do mundo "quadrado". A arte é parte do problema. O Mundo da Arte enfiou sua cabeça na própria bunda, e se faz necessário sair disto - ou então viver em uma paisagem cheia de merda.


3. Claro que se deve "ganhar a vida" de alguma maneira - mas o essencial aqui é viver. Seja o que for que fizermos, qualquer que seja a opção que escolhamos (talvez todas elas), o o quanto nos comprometamos, devemos orar para nunca confundir arte com vida: a Arte é breve, a Vida é longa. Devemos estar preparados para navegar, nomadizar, escorregar de todas as redes, nunca estabilizar, viver através de várias artes, fazer nossas vidas melhores que nossa arte, fazer da arte nosso grito no lugar de nossa desculpa.


4. O riso que cura (em oposição à gargalhada corrosiva e venenosa) pode apenas surgir de uma arte que é séria - séria, mas não sóbria. Morbidez sem sentido, niilismo cínico, tendências de frivolidade pós-moderna, resmungar/praguejar/reclamar/ (o culto liberal da "vítima"), exaustão, hiperconformidade irônica Baudrillardiana - nenhuma destas opções é séria o suficiente, e ao mesmo tempo nenhuma é intoxicada o bastante para servir aos nossos propósitos, muito menos para merecer o nosso riso.

Nota:* - National Endowment for the Arts, uma entidade governamental americana que financia as artes

27 de julho de 2007

trabalho??

"Todas as ideologias do capital fazem a apologia do trabalho, como a atividade mais importante, à qual tudo se subordina, a atividade essencial do homem. O homem é considerado não como tal, mas ´pelo que faz na vida`, o que, na sociedade capitalista, quer dizer ´profissão`, ´trabalho`. Tais ideologias se baseiam no sacrifício, na renúncia, na interiorização das emoções e dos sentimentos...
Ao trabalho corresponde o sacrifício e a este, a religião (incluída a religião capitalista de estado, do marxismo-leninismo), como tentativa de justificar a repressão dos desejos e prazeres humanos, para a maior glória da burguesia.
Os sacerdotes e mandarins de todas as ideologias - entre os quais a esquerda do capital, que enaltece as mãos calosas do proletariado e se vangloria da miséria alheia - oferecem dogmas e ilusões para todos os gostos, propondo ´uma sociedade futura`, onde - após a morte, certamente - os proletários terão a recompensa pelos sacrifícios e renúncias que fizeram, a partir do momento em que aceitaram a mais desigual das trocas: a troca da vida pela sobrevivência ."



"O trabalho é a negação da vida, da alegria e do prazer humano. O trabalho faz do homem um estranho para si mesmo, alienado da humanidade como um todo. O trabalho é a atividade humana subjugada às necessidades da classe dominante, que se apropria do sobreproduto obtido mediante a exploração das outras classes.
O capitalismo, ao separar os explorados de seus meios de vida e de produção, impôs a escravidão assalariada por toda a parte, reduzindo o homem à condição de trabalhador.
No trabalho, o proletário se vê completamente despojado de seu produto, alienado, negado em sua essência, em sua vida, em seus desejos... Além de desperdiçar seu suor, seu sangue e sua vida, numa atividade cujo absurdo só é menor do que o embrutecimento que acarreta, o trabalhador é separado dos demais homens, separado da espécie humana.
Somente na luta contra o trabalho, contra a atividade que estão forçados a executar e contra aqueles que os forçam, os proletários se reapropriam de sua condição humana. Com a generalização desta luta e a conseqüente negação da sociedade atual, avançam no sentido de uma sociedade comunista, na qual toda atividade humana estará voltada para a satisfação das necessidades humanas."


grupo

autonomia!